Regional Sul 1 da CNBB trabalhou contra voto ao PT
"'Estamos constrangidos, pois a nossa instituição [a Igreja] foi instrumentalizada politicamente com a conivência de alguns bispos", diz Dom Demétrio Valentini
Incrustado na Zona Sudeste da cidade de São Paulo, o Parque São Lucas esconde a única igreja do Brasil da Congregação do Oratório São Filipe Neri. Fundada pelo padre Aldo Giuseppe Maschi em meados do século passado, a igreja até hoje realiza missas em latim, abolidas mundialmente pelo Concílio Vaticano II, em 1963. Na sexta-feira, o jovem padre Paulo Sampaio Sandes rezou a missa da tarde, de costas para os fieis, com a concessão ao português de três Aves Marias e uma Salve Rainha. O coro, de cinco beatas, também preferiu o latim.
O padre Paulo faz parte de uma congregação tradicional, é contra o aborto, a união civil de homossexuais e a adoção de crianças por casais de homossexuais. Entendeu a recomendação da Regional Sul 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) como uma ordem: expor, na homilia, no dia da eleição, o suposto veto da Igreja Católica à candidata Dilma Rousseff (PT), estendido a todos os candidatos do Partido dos Trabalhadores, e distribuir, na saída da missa, a carta onde explicitamente a regional descarta o voto católico nos candidatos que defendem o aborto, em especial, e nomeadamente, nos petistas. "No dia das eleições eu vou distribuir a carta lá fora, mas a carta é muito explícita em relação aos candidatos, não vou falar o nome deles na homilia", disse o padre, depois da missa, confessando constrangimento com a determinação da Regional. "O próprio Dom Odilo Scherer diz que não devemos falar de nomes de candidatos"."
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