sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Artigo do meu colega do BNDES João de Deus Corrêa

O ‘esporte’ do apedrejamento e os 
sem qualquer esportividade

João de Deus Corrêa(*)

Por trás de todo grande homem...
A notória fragilidade humana se manifesta nos momentos mais desumanos – teria dito Albert Einstein quando esteve no Brasil, no século passado. As palavras não foram estas; mas a ideia, sim. Pois agora se pode dizer o mesmo no coração do mesmíssimo país ‘caricaturizado’ como terra dos ‘bonzinhos’ ("Brasileiro é muito bonzinho", dizia o velho gancho da comédia antiga).

Bastou vir a público a notícia de que o ex-presidente Luiz Inácio estava com um câncer, para um número expressivo de cidadãos, todos se julgando muito ‘bonzinhos’ – no sentido da comédia – e inteligentes, cobrarem que o Lula fosse se cuidar em um hospital qualquer; a maioria exigia que fosse para uma fila do SUS ou algo que o valha; aliás, de preferência algo que nada valha...Não rima à toa com navalha.

Os entendidos em historicidade dizem que ‘a História se repete, em forma de troça’. Esta é a versão dos ‘intelectuais russos’; no ocidente, tem outra conotação.

Mas, como ensina o dito popular, "a exceção confirma a regra". Há décadas está sendo evidenciado o velho princípio (aliás, sem qualquer sustentação, diga-se de passagem) com Tancredo Neves, Juscelino, Jânio: ninguém sugeriu que fossem para a fila; achou-se muito natural que se cuidassem dentro de suas posses. Foram assim, ainda, os casos recentes envolvendo o ex-vice presidente José Alencar e o ‘reserva do Collor’, Itamar Franco, o verdadeiro criador do ‘Plano Real’...

O próprio Paulo Salim Maluf escapou do conselho de recorrer ao SUS quando alegou estar doente (sintomas digestivos) para escapar de um "estado prisional", há pouco mais de dois anos, e foi surpreendido gloriosamente tomando cerveja e ‘traçando’ linguiça de porco em Campos do Jordão, dois dias depois de solto. Não é por nada, não, mas o ‘imorrível’ político tem sido procurado, digamos que "policialescamente", por mais de 100 nações. Claro, no país dos bonzinhos ele virou um herói equilibrista, desfilando narcisisticamente nas entrelinhas das leis e das vontades judiciárias – pois aqui ele vive segundo a tal da interpretação da lei, que só os ricos conseguem bancar (lembre-se do editor de O Estado de S.Paulo, que executou a namorada, também jornalista, e ficou ‘de-tido’ em casa, apesar de ser réu confesso. Pois é).


O caso do ‘sapo barbudo’, do mui amigo Brizola

No entanto, voltando ao caso do "paraíba, analfabeto e sapo barbudo" que pode buscar atendimento em hospital de referência, a tchurmanão quis perdoar...Será por que, em seu governo, eleito democraticamente – também é bom lembrar – ele exagerou ao criar mais de um milhão e meio de vagas em universidades públicas? E, agora, alguns desavisados do feito e aproveitadores dele querem se vingar? Ou seria pelo fato de, em seu governo, as escolasfederais terem alcançado notas superiores às de países de referência como EUA, Japão, Alemanha etc., segundo a pesquisa do conhecido organismo internacional PIZA.

Há, ainda, a hipótese do enfurecimento ‘naturalíssimo’, claro, de alguns autointitulados intelectuais e outros boçais, mesmo, que ainda não aceitam que um cara, sem diploma superior, migrante nordestino, recorrendo só a nove dedos das mãos, tenha propiciado a revolução de incluir na classe média 27 milhões que eram só "zeros à direita e à esquerda", mercadologicamente falando, feito reconhecido internacionalmente. E, o mais incrível, é que isso até os mais desvairados adversários locais reconhecem, menos os ‘bonzinhos de agora’. Também existe a hipótese de que o tal do Lula é responsável por esse monte de ‘palhaços’ de antiga baixa classe média ter trocado suas bicicletas velhas por carros que estão congestionando as ruas e estradas? Isso não se faz com ‘nós outros’ que antes desfilávamos mais tranquilamente em nossos carrões…

– Então, esse irresponsável tem que ficar numa fila do SUS para aprender a sofrer na pele os efeitos do ódio de quem ele está incomodando. É o que se pode "ler", mesmo sem o palpite do arcaico e prosaico Sr. Freud. Ele também incomodou quando começou a dar voz e vez aoinconsciente, sufocado e castrado, até então, pela elite científica do início do século XX; ele também, o Sigmund, foi renegado, vaiado e aconselhado a se virar, pela aristocracia intelectual adversária, quando se descobriu com um câncer na boca... Só que esta agiu com mais elegância, não recorrendo a jornais e revistas para externar seu ódio.

Leia todo o artigo no Vínculo.

(*) João de Deus é aposentado do BNDES; professor e mestre em comunicação.

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