sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Pra Dizer Adeus a Torquato Neto

Quatro décadas depois,
legado de Torquato Neto permanece vivo



Torquato, Caetano e Capinan
Por Nayene Montelles

“A importância de Torquato Neto vai aparecer naquilo que ele fez e disse” (Toninho Vaz). Certamente, foi isso que ocorreu. O poeta, letrista, jornalista, ator e cineasta piauiense Torquato Neto se despediu da vida há exatos 39 anos. ‘O sujeito dispersivo’, como o denominou o compositor Edu Lobo, é ainda hoje um dos grandes nomes da cultura piauiense que se projetou em todo o Brasil.

Com um vasto conjunto de obras e amizades, Torquato Neto foi um dos fundadores do movimento Tropicália. Amigo de Caetano Veloso, Gilberto Gil, Maria Bethânia, Nara leão e outros grandes nomes da cultura brasileira, Torquato se destacou pela irreverência e rebeldia.

“A vida breve, mas fecunda, de Torquato Neto é uma síntese da grandeza, mas também dos abismos que definem a cultura alternativa e rebelde dos anos 60 e 70”, diz o escritor José Castello. A sua rebeldia figurava também em sua aparência. Seus cabelos compridos e roupas ao estilo hippie o configurava como um homem que recusava o mundo que vivia. “Ele tinha a vontade de destruir o mundo para, nesse mesmo gesto, fazer o parto de um novo”, acrescenta Castello.



Longe dessas definições e interpretações de Torquato, seu primo e admirador, George Mendes, tinha apenas 14 anos quando Torquato se suicidou.‘Eu era o menininho que olhava seu ídolo e que tinha a chance de chegar perto dele’, diz George com satisfação. Sem ousar definir Torquato ou mesmo imaginar o que o poeta era e pensava, como fizeram os autores citados, George nos conta um pouco as suas impressões de Torquato Neto:



Bom, eu costumo dizer que o Torquato é um artista multimídia. Provavelmente, um dos maiores artistas multimídia do Brasil e o primeiro do Piauí. Torquato trabalhou em música, no cinema, literatura e exerceu o jornalismo cultural durante muito tempo. Ele é uma artista de várias linguagens, que são sintetizadas na poesia. A sua essência era a poesia. E como poeta foi compositor, ele compôs letras de música, ele morreu sem deixar um livro publicado de poesia, propriamente dita, mas tem dois livros a serem publicados. Atuou como cineasta, ator, roteirista e artista plástico. Uma coisa que é instigante no Torquato é a gente lembrar que ele morreu tão jovem e construiu uma obra tão instigante, tão vasta e ao mesmo tempo tão quantitativamente pequena. Em dez anos, ele foi capaz de construir uma bora tão inovadora, de tal forma que ela conseguiu se eternizar no tempo. Para você ter uma ideia, as obras de Torquato foram construídas em uma trajetória que começa em Teresina, vai a Salvador, Rio de janeiro, São Paulo, Londres, Paris e Rio, onde ele terminou falecendo.

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