quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Eles eram apenas nove (Ferreira Gullar)

Comunista antigamente só andava de terno

Eles eram poucos.
E nem puderam cantar muito alto a Internacional.
Naquela casa de Niterói em 1922.
Mas cantaram e fundaram o partido.
Eles eram apenas nove, o jornalista Atrogildo, o contador Cordeiro, o gráfico Pimenta, o sapateiro José Elias, o vassoureiro Luís Peres, os alfaiates Cendon e Barbosa, o ferroviário Hermogênio.
E ainda o barbeiro Nequete, que citava Lênin a três por dois.
Em todo o país eles eram mais de setenta.
Sabiam pouco de marxismo, mas tinham sede de justiça e estavam dispostos a lutar por ela.
Faz sessenta anos que isso aconteceu, o PCB não se tornou o maior partido do ocidente, nem mesmo do Brasil.
Mas quem contar a história de nosso povo e seus heróis tem que falar dele.
Ou estará mentindo.

Ferreira Gullar

3 comentários:

Vassiliev, de Brasília, disse...

Márcio, este post valeu por uma História inteira. Parabenizo-o pela lembrança. Um sonho - utopia? - que ainda não terminou. Emocionei-me às lagrimas ao lembrar do meu velho pai, comunista mineiro histórico, já falecido.
Товарищ,Борьба продолжается!
(Tovaritch, borba prodolzaetsia!)
[Camarada, a luta continua!]

Василий
Vassiliev

Sérgio Vianna disse...

Emoção à parte, Vassili e Márcio, com todo o respeito, mas esse Ferreira Gulag é um canalha escroto.

Coerência passou longe dele faz tempo. Invejoso estúpido e, confirmo, mal caráter.

Quem não contextualiza quando escreve analisando o Brasil de ontem e o de hoje, ou é preguiçoso ou é mal caráter. Ou os dois.

Não perco meu tempo com esse bastardo vendido, a preço de banana podre. Se oferece para esculhambar qualquer coisa. Boçal!

José Marcio disse...

Sergio, o Gullar mudou de lado, mas eu não esqueci o que ele escreveu. E o poema é bonito demais.
Você sabia porque "eles cantaram baixinho a Internacional"? Porque o congresso foi na casa da tia de um deles. E eles não queriam acordar a coroa. No lugar onde ocorreu a fundação do PCB (Partido Comunista do Brasil) tem uma plaquinha. Acho que foi colocada ali num dos governos do Jorge Roberto.