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sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Datena e Band condenados por caluniar os ateus

Justiça condena Band por relacionar
ateus a crimes hediondos

A TV Bandeirantes foi condenada pela Justiça Federal de São Paulo por desrespeito à liberdade de crenças no Brasil. A decisão é do juiz Paulo Cezar Neves Junior.

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José Luiz  Datena, caluniador condenado


Em julho de 2010, a rede exibiu comentários no programa Brasil Urgente nos quais o apresentador José Luiz Datena relaciona um crime bárbaro à “ausência de Deus”. “Um sujeito que é ateu não tem limites. É por isso que a gente vê esses crimes aí”, afirmou.

Segundo a decisão, a Band terá que exibir em rede nacional, no Brasil Urgente, quadros com esclarecimentos à população sobre a diversidade religiosa e a liberdade de consciência e de crença no País.

A duração deve ser a mesma utilizada para “a exibição das informações equivocadas” sobre o ateísmo.

Leia mais em Pragmatismo Político.

sábado, 21 de abril de 2012

Artigo de Drauzio Varella sobre intolerância religiosa

Intolerância Religiosa


O fervor religioso é uma arma assustadora, disposta 

a disparar contra os que pensam de modo diverso


A humanidade inteira segue uma religião ou crê em algum ser ou fenômeno transcendental que dê sentido à existência. Os que não sentem necessidade de teorias para explicar a que viemos e para onde iremos são tão poucos que parecem extraterrestres.

Dono de um cérebro com capacidade de processamento de dados incomparável na escala animal, ao que tudo indica só o homem faz conjecturas sobre o destino depois da morte. A possibilidade de que a última batida do coração decrete o fim do espetáculo é aterradora. Do medo e do inconformismo gerado por ela, nasce a tendência a acreditar que somos eternos, caso único entre os seres vivos.
"Sou ateu e mereço o mesmo respeito
 que tenho pelos religiosos"

Todos os povos que deixaram registros manifestaram a crença de que sobreviveriam à decomposição de seus corpos. Para atender esse desejo, o imaginário humano criou uma infinidade de deuses e paraísos celestiais. Jamais faltaram, entretanto, mulheres e homens avessos a interferências mágicas em assuntos terrenos. Perseguidos e assassinados no passado, para eles a vida eterna não faz sentido.

Não se trata de opção ideológica: o ateu não acredita simplesmente porque não consegue. O mesmo mecanismo intelectual que leva alguém a crer leva outro a desacreditar.

Os religiosos que têm dificuldade para entender como alguém pode discordar de sua cosmovisão devem pensar que eles também são ateus quando confrontados com crenças alheias.

Que sentido tem para um protestante a reverência que o hindu faz diante da estátua de uma vaca dourada? Ou a oração do muçulmano voltado para Meca? Ou o espírita que afirma ser a reencarnação de Alexandre, o Grande? Para hindus, muçulmanos e espíritas esse cristão não seria ateu?

Na realidade, a religião do próximo não passa de um amontoado de falsidades e superstições. Não é o que pensa o evangélico na encruzilhada quando vê as velas e o galo preto? Ou o judeu quando encontra um católico ajoelhado aos pés da virgem imaculada que teria dado à luz ao filho do Senhor? Ou o politeísta ao ouvir que não há milhares, mas um único Deus?


Quantas tragédias foram desencadeadas pela intolerância dos que não admitem princípios religiosos diferentes dos seus? Quantos acusados de hereges ou infiéis perderam a vida?

O ateu desperta a ira dos fanáticos, porque aceitá-lo como ser pensante obriga-os a questionar suas próprias convicções. Não é outra a razão que os fez apropriar-se indevidamente das melhores qualidades humanas e atribuir as demais às tentações do Diabo. Generosidade, solidariedade, compaixão e amor ao próximo constituem reserva de mercado dos tementes a Deus, embora em nome Dele sejam cometidas as piores atrocidades.

Os pastores milagreiros da TV que tomam dinheiro dos pobres são tolerados porque o fazem em nome de Cristo. O menino que explode com a bomba no supermercado desperta admiração entre seus pares porque obedeceria aos desígnios do Profeta. Fossem ateus, seriam considerados mensageiros de Satanás.

Ajudamos um estranho caído na rua, damos gorjetas em restaurantes aos quais nunca voltaremos e fazemos doações para crianças desconhecidas, não para agradar a Deus, mas porque cooperação mútua e altruísmo recíproco fazem parte do repertório comportamental não apenas do homem, mas de gorilas, hienas, leoas, formigas e muitos outros, como demonstraram os etologistas.

O fervor religioso é uma arma assustadora, sempre disposta a disparar contra os que pensam de modo diverso. Em vez de unir, ele divide a sociedade -quando não semeia o ódio que leva às perseguições e aos massacres.

Para o crente, os ateus são desprezíveis, desprovidos de princípios morais, materialistas, incapazes de um gesto de compaixão, preconceito que explica por que tantos fingem crer no que julgam absurdo.

Fui educado para respeitar as crenças de todos, por mais bizarras que a mim pareçam. Se a religião ajuda uma pessoa a enfrentar suas contradições existenciais, seja bem-vinda, desde que não a torne intolerante, autoritária ou violenta.

Quanto aos religiosos, leitor, não os considero iluminados nem crédulos, superiores ou inferiores, os anos me ensinaram a julgar os homens por suas ações, não pelas convicções que apregoam.

Artigo publicado na Folha de SP.

domingo, 27 de novembro de 2011

Software converte ateu para qualquer religião

Tecnologia faz programa de computador converter um ateu para qualquer religião, ou vice-versa

Um novo software lançando por programadores está dando o que falar. Se trata de um conversor como qualquer outro, entretanto, que faz conversão de religião no ser humano. Segundo os criadores, os pastores e padres estavam tendo dificuldades de converter novos fieis e resolveram desenvolver a ferramenta.

Muitas igrejas estão adquirindo o programa, porque segundo o fabricante, consegue converter até Ateu. “O conversor foi testado e aprovado, é eficiente e converte qualquer pessoa para qualquer religião”, disse o autor da invenção. 

Não serve para curar viadagem

Para fazer a conversão, é preciso ligar um fio elétrico na veia sanguínea, em conectar – via USB – no computador, em seguida, abre-se o aplicativo e marca as opções da religião que a pessoa deve ser convertida. Pode também converter um religioso a virar Ateu. Ou vice-versa.


quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Taxista não admite que passageira seja ateia

A dura vida dos ateus em um Brasil
cada vez mais evangélico
Eliane Brum (*)

O diálogo aconteceu entre uma jornalista e um taxista na última sexta-feira. Ela entrou no táxi do ponto do Shopping Villa Lobos, em São Paulo, por volta das 19h30. Como estava escuro demais para ler o jornal, como ela sempre faz, puxou conversa com o motorista de táxi, como ela nunca faz. Falaram do trânsito (inevitável em São Paulo) que, naquela sexta-feira chuvosa e às vésperas de um feriadão, contra todos os prognósticos, estava bom. Depois, outro taxista emparelhou o carro na Pedroso de Moraes para pedir um “Bom Ar” emprestado ao colega, porque tinha carregado um passageiro “com cheiro de jaula”. Continuaram, e ela comentou que trabalharia no feriado. Ele perguntou o que ela fazia. “Sou jornalista”, ela disse. E ele: “Eu quero muito melhorar o meu português. Estudei, mas escrevo tudo errado”. Ele era jovem, menos de 30 anos. “O melhor jeito de melhorar o português é lendo”, ela sugeriu. “Eu estou lendo mais agora, já li quatro livros neste ano. Para quem não lia nada...”, ele contou. “O importante é ler o que você gosta”, ela estimulou. “O que eu quero agora é ler a Bíblia”. Foi neste ponto que o diálogo conquistou o direito a seguir com travessões.

- Você é evangélico? – ela perguntou.
- Sou! – ele respondeu, animado.
- De que igreja?
- Tenho ido na Novidade de Vida. Mas já fui na Bola de Neve.
- Da Novidade de Vida eu nunca tinha ouvido falar, mas já li matérias sobre a Bola de Neve. É bacana a Novidade de Vida?
- Tou gostando muito. A Bola de Neve também é bem legal. De vez em quando eu vou lá.
- Legal.
- De que religião você é?
- Eu não tenho religião. Sou ateia.
- Deus me livre! Vai lá na Bola de Neve.
- Não, eu não sou religiosa. Sou ateia.
- Deus me livre!
- Engraçado isso. Eu respeito a sua escolha, mas você não respeita a minha.
- (riso nervoso).
- Eu sou uma pessoa decente, honesta, trato as pessoas com respeito, trabalho duro e tento fazer a minha parte para o mundo ser um lugar melhor. Por que eu seria pior por não ter uma fé?
- Por que as boas ações não salvam.
- Não?
- Só Jesus salva. Se você não aceitar Jesus, não será salva.
- Mas eu não quero ser salva.
- Deus me livre!
- Eu não acredito em salvação. Acredito em viver cada dia da melhor forma possível.
- Acho que você é espírita.
- Não, já disse a você. Sou ateia.
- É que Jesus não te pegou ainda. Mas ele vai pegar.
- Olha, sinceramente, acho difícil que Jesus vá me pegar. Mas sabe o que eu acho curioso? Que eu não queira tirar a sua fé, mas você queira tirar a minha não fé. Eu não acho que você seja pior do que eu por ser evangélico, mas você parece achar que é melhor do que eu porque é evangélico. Não era Jesus que pregava a tolerância?
- É, talvez seja melhor a gente mudar de assunto...

O taxista estava confuso. A passageira era ateia, mas parecia do bem. Era tranquila, doce e divertida. Mas ele fora doutrinado para acreditar que um ateu é uma espécie de Satanás. Como resolver esse impasse? (Talvez ele tenha lembrado, naquele momento, que o pastor avisara que o diabo assumia formas muito sedutoras para roubar a alma dos crentes. Mas, como não dá para ler pensamentos, só é possível afirmar que o taxista parecia viver um embate interno: ele não conseguia se convencer de que a mulher que agora falava sobre o cartão do banco que tinha perdido era a personificação do mal.)

Chegaram ao destino depois de mais algumas conversas corriqueiras. Ao se despedir, ela agradeceu a corrida e desejou a ele um bom fim de semana e uma boa noite. Ele retribuiu. E então, não conseguiu conter-se:

- Veja se aparece lá na igreja! – gritou, quando ela abria a porta.
- Veja se vira ateu! – ela retribuiu, bem humorada, antes de fechá-la.
Ainda deu tempo de ouvir uma risada nervosa.

(*) - Jornalista, escritora e documentarista. Ganhou mais de 40 prêmios nacionais e
internacionais de reportagem. É autora de um romance - Uma Duas (LeYa) - e de três livros de reportagem:Coluna Prestes – O Avesso da Lenda (Artes e Ofícios), A Vida Que Ninguém Vê(Arquipélago Editorial, Prêmio Jabuti 2007) e O Olho da Rua (Globo).

E codiretora de dois documentários: Uma História Severina e Gretchen Filme
Estrada.

sábado, 20 de agosto de 2011

PT vai criar o CA: Corruptos Anônimos


Ex-corrupto em ato de profunda contrição
Com a ajuda dos inúmeros papa-hóstias religiosos com que conta em sua militância, a Direção Nacional do PT, reunida em Aparecida do Norte, resolveu criar um grupo semelhante ao AA. Será o CA, Corruptos Anônimos.

Esta ONG terá como tarefa tentar apontar o caminho do bem para seus aliados - principalmente do PMDB - e até de alguns petistas. O PT como partido que foi fundado justamente para se contrapor aos pessimistas e ateus marxistas acredita firmemente que o ser humano pode mudar seu comportamento anti-social com uma boa conversa e ajuda, tanto dos seres humanos do bem quanto de entidades que não habitam nossa vida material.

As reuniões terão como orientador o irmão em Cristo quase padre petista Frei Betto e será, como todos já estão imaginando, nas dependências de um templo católico apostólico romano. Instituição conhecida milenarmente por sua conduta inquestionavelmente proba.

Nas reuniões, os corruptos que queiram se livrar dessa compulsão (NB: o PT não os classifica como safados, canalhas, ladrões etc. são simplesmente pessoas que ainda não encontraram a retidão moral exigida pelos homens de bem) farão seus depoimentos e terão todo o incentivo dos irmãos colegas de infortúnio.

Exemplos de depoimentos:

"Meu nome é Dr João da Silva, economista filiado ao PR. Sou natural da Bahia e vim de uma família de corruptos. Meu pai roubava na prefeitura de Cocolândia e minha mãe superfaturava os vestidos que fazia, pois era costureira.'

"Desde a mais tenra idade eu fui incentivado a roubar pelos meus pais. Assim, eu comecei fazendo lista de doações para a compra de camisas de time de futebol. Eu tirava 20% e o restante comprava o jogo de camisas mais vagabundo da loja. Quando me pediam a nota fiscal eu dizia que não sabia onde a tinha enfiado (!).'

"Depois fui eleito diretor de Jogos de Salão do Cocolândia Esporte Clube e levei para casa todos os tabuleiros de damas e xadrez do clube. Aleguei que a sala de jogos fora arrombada e os larápios, certamente viciados no milenar jogo, os levaram.'

"Venho aqui na esperança de me tornar menos ladrão e para isso conto com a solidariedade dos irmãos aqui presentes."

Depoimento de um CA mais antigo:

"Hoje completo 15 dias limpo. Não roubo, não superfaturo nem fraudo concorrência durante este tempo todo! (aplausos entusiastas)'

"Anteontem, estava tomando umas e outras com comparsas companheiros de partido num restaurante de Brasília e quase fui convencido a voltar a fazer uso de substâncias corruptivas. Vejam só o que são as más companhias.'

"Mas, graças a vocês e ao Senhor, levantei-me rapidamente da mesa e fui para casa orar. E hoje estou aqui limpo, sem mácula durante toda uma quinzena (mais aplausos!)."

A deputada crente petista Benedita da Silva, uma das idealizadoras do projeto, deu a seguinte declaração para este blog: "Espera-se que a médio prazo a maioria dos políticos que, no fundo, são irmãos em Cristo pessoas de bem, entrem para o CA e, assim fazendo, colaborem para que possamos viver num mundo mais fraterno e livre do comunismo ateu."

O blog deseja toda sorte do mundo para o CA.


quarta-feira, 27 de julho de 2011

Ateus finalmente saem do armário

Ateus espalham outdoors por toda Porto Alegre com a frase "Religião não define caráter". A iniciativa foi da Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos - ATEA.

Leia AQUI a matéria com fotos no Sul 21.




segunda-feira, 25 de julho de 2011

Um conto ateu (cont)

Um Ateu na Missa

Texto de Luis de Oliveira do blog Apenas um Ateu

Mas então começava o sermão do padre. Uma tentativa de passar bons valores embalados por superstições absurdas e uma visão totalmente arcaica do mundo. Ele buscava se distrair com qualquer coisa, algum inseto, o movimento na rua ao lado, procurava alguma pessoa na igreja que parecesse compartilhar o mesmo desespero pra se ver fora dali. Uma vontade tão óbvia que sempre levava leves esbarradas da mãe seguidas de um “Presta atenção!”.

Em seguida era hora da comunhão, Paulo fez a Eucaristia e então sempre ia comer a bolachinha e voltava para se ajoelhar assim como sua mãe, mas enquanto esta rezava ou algo do tipo, ele abaixava a cabeça e só conseguia pensar no quando aquilo era ridículo. Vieram as ofertas, e lembrou com certa nostalgia de como quando criança ele sempre pedia pra mãe para que pudesse colocar o dinheiro na sacola que os coroinhas iam passando de banco em banco, agora só pensava estar contribuindo contra a vontade para a disseminação de todo aquele grande equívoco que é a religião e em como ele poderia comprar algo de bom pra ele com aquele dinheiro.

Então tudo começava a se aproximar do fim. As últimas orações, leituras e músicas. As últimas levantadas, sentadas. O encerramento iminente sempre revigorava sua animação. Poderia aproveitar o domingo afinal. Sempre esperava que algumas pessoas começassem a partir em direção à porta antes de sair do seu lugar e então andava rápido, mas não muito.

Do lado de fora estava um belo dia. Esperava a mãe que sempre demorava mais um tempo conversando com outras mães. Mas a parte difícil havia acabado e mais alguns minutos não fazia diferença, o dia estava apenas começando e ele se via “livre” por mais uma semana.

“Graças a deus!”, pensava Paulo enquanto mantinha um sorriso sarcástico.

sábado, 23 de julho de 2011

Um conto ateu

Transcrevo o conto de Luis Oliveira, dono do blog Apenas um Ateu:


Um Ateu Na Missa

A tortura dominical de Paulo começava cedo. Sua mãe o acordava tão logo ela própria se levantava, pois sabia que acordar o filho não era uma tarefa fácil e não saia do lado de sua cama até que ele estivesse totalmente de pé, pois também sabia que se desse os cinco minutinhos que ele sempre suplicava, a batalha se tornaria ainda pior. Sabendo disso, Paulo nunca oferecia muita resistência, pedia mais um tempinho por pura força do hábito, mas se contentava em praguejar mentalmente enquanto tomava banho, café da manhã, se vestia e saia de casa acompanhando sua mãe para a missa na igreja do bairro.

Ela não sabia que ele era ateu, simplesmente achava que como todo adolescente ele tinha preguiça de acordar cedo. Ele nunca lhe revelou esse fato por saber o quanto isso a decepcionaria e, pior ainda, por saber que ela desempenharia uma verdadeira cruzada para convertê-lo. Conhecia a mãe e sabia o quanto era devota e não ia tolerar a possibilidade de seu próprio filho seguisse aquilo que ela acreditava ser o caminho para a danação eterna. Assim, todo domingo ele a acompanhava silenciosa e obedientemente.

Enquanto a costa era aos poucos destroçada pelo banco de madeira, Paulo sempre observava o ambiente. Via as idosas chegando, algumas pessoas vinham junto de toda a família, as crianças pequenas corriam e brincavam, deixando Paulo com inveja e saudades de quando podia fazer isso, era melhor do que fingir que leva toda aquela palhaçada a sério. Algumas músicas começavam a ser cantadas enquanto o padre se preparava pra sua entrada, o ritmo até que era legal, ele tinha que admitir. O que já tirava um pouco do sono remanescente.

Então tudo começava. Orações, leituras, mais músicas. Levantar, sentar, levantar de novo, sentar de novo, ajoelhar, levantar. Olhava para o relógio de hora em hora, mas só cinco minutos haviam passado e se sentia traído pelo tempo. Ia passando o dedo pelo panfleto que dão para acompanhar a missa (não importa qual o nome disso, pensava ele) e cada etapa passada era um alento.





sábado, 18 de dezembro de 2010

"Se comporta" em Frei Betto no Correio Brasiliense

Publico aqui um texto de Daniel Sottomaior postado no Correio Braziliense como direito de resposta a um artigo do Frei Betto que é uma resposta à repercussão de outro artigo que o Frei Betto tinha escrito. Publico na íntegra mais porque o texto é difícil de ser visto sem assinar o jornal. Só adianto que o Frei Betto não tem como se defender disto sem admitir que estava errado. Daniel Sottomaior é presidente da ATEA.

Especialmente os Ateus

Em recente artigo ao Correio Braziliense, Frei Betto defendeu a posição de que seus torturadores “praticavam o ateísmo militante ao profanar com violência os templos vivos de Deus: as vítimas levadas ao pau de arara, ao choque elétrico, ao afogamento e à morte… Ateísmo militante é, pois, profanar o templo vivo de Deus: o ser humano.” Não se trata de afirmação impensada, uma vez que repete artigo anterior, e foi confirmada em entrevista nos seguintes termos: “Toda vez que alguém viola o ser humano, violenta, oprime, está realizando o ateísmo militante.”

O texto gerou muitos protestos de ateus, que ficaram ainda mais indignados com a repetição do insulto, pronunciada com toda indiferença e sem qualquer tentativa de desculpa. Infelizmente, parece ser necessário afirmar e repetir com toda clareza aquilo que deveria ser óbvio: ver-se igualado a torturadores e a atos de tortura é um ultraje à dignidade de qualquer indivíduo, ateu ou não. Nenhum tipo de racionalização justifica essa associação.

É fundamental lembrar que o ateísmo repousa no campo das ideias: ele nada mais é do que a ausência de crença em deuses. Não haveria nada de errado em criticá-lo, pelo mesmo motivo que não há nada de errado em criticar o liberalismo ou o socialismo.

No entanto, as afirmações de Betto são de outra ordem, pois se referem a pessoas. Militante é o indivíduo que milita ou atua em alguma causa. Assim, todos os falantes da língua portuguesa, inclusive o frei, entendem que ateísmo militante é a ação de quem promove o ateísmo. Nenhuma idiossincrasia de Betto mudará o significado direto que o resto dos mortais tem dessa expressão. Sua ofensa está em propor que violência para com o outro significa ateísmo militante, implicando entre outras coisas que torturadores são ateus. Isso é inaceitável.

O raciocínio do religioso não resiste ao mais óbvio exame. Pode-se virá-lo de ponta-cabeça afirmando que todo indivíduo é um templo do humanismo secular, e que portanto os torturadores na verdade praticam religiosidade militante. Mais importante ainda é o fato de que rebatizar à plena força expressões já existentes para lhes dar significado espúrio e negativo é um inegável sintoma de preconceito.

Atenção: propostas repulsivas à frente. Seria aceitável renomear um vaso sanitário como “negro militante” e prosseguir com todas as frases que isso acarretaria? Sob que pretextos aceitaríamos que se chamasse o tráfico de drogas de “prática do judaísmo”? A justificativa para esse estupro semântico é indiferente. O que importa é que ele revela uma desinibida sanha para identificar o outro com o mal. Que nome se dá a essa abjeta inclinação?

Só para quem que vê a bondade identificada com a pele branca, e a maldade associada à negra, faz sentido dizer que brancos maus têm alma negra, ou o oposto: negro de alma branca é bom. Em seu texto, Frei Betto não hesita em fazer a mesmíssima coisa, imaginando que até inquisidores e pedófilos da Igreja Católica praticam ateísmo militante(!), a despeito de seu óbvio catolicismo: são os brancos de alma negra. Quando afirma “quem ama o próximo ama a Deus ainda que não creia”, são os negros de alma branca: ateus bons de coração em verdade são como crentes. Ora, se não é lícito identificar maldade com judaísmo, cristianismo, negritude ou qualquer outra posição, militante ou não, então o mesmo vale para o ateísmo.

Também não há como engolir a insistente alegação de Betto de que sua acusação pesa apenas sobre a militância, não sobre o ateísmo em si. Um dos motivos é o fato de que a versão expandida de seu texto original, amplamente reproduzida online, afirma com todas as letras: “raros os presos políticos que professavam convictamente o ateísmo. Nossos torturadores, sim, o faziam escancaradamente ao profanarem, com toda violência, os templos vivos de Deus”. Fazendo a análise sintática, tem-se a seguinte oração equivalente: nossos torturadores professavam convictamente o ateísmo de forma escancarada.

Betto está obviamente preocupado em defender o respeito a ideias, proposta que repete várias vezes, o que lamentamos profundamente. Ideias não têm direitos nem dignidade: seres humanos têm. Ideias e crenças não precisam ser protegidas nem respeitadas. Seres humanos precisam. Essa parece ser a grande diferença moral entre ateus e religiosos: para nós só há imoralidade quando se causa sofrimento àqueles que podem senti-lo. As ideias que se virem. Para Betto e a maior parte dos religiosos, as ideias têm direito de não serem criticadas, mesmo quando falsas. Os humanos que se virem.

Especialmente os ateus.
 

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

MPF pede retratação de TV por preconceito contra ateus

Datena, o cristão raivoso
"O Ministério Público Federal (MPF) ajuizou ação civil pública em que pede que a TV Bandeirantes seja obrigada a exibir uma mensagem de retratação de declarações ofensivas aos ateus durante o programa Brasil Urgente. Segundo a denúncia, no dia 27 de julho, o apresentador José Luiz Datena e o repórter Márcio Campos fizeram, por 50 minutos, comentários preconceituosos às pessoas que não acreditam em Deus."

E o Frei Betto?

Leia mais em Bule Voador.