Texto de Luis de Oliveira do blog Apenas um Ateu
Mas então começava o sermão do padre. Uma tentativa de passar bons valores embalados por superstições absurdas e uma visão totalmente arcaica do mundo. Ele buscava se distrair com qualquer coisa, algum inseto, o movimento na rua ao lado, procurava alguma pessoa na igreja que parecesse compartilhar o mesmo desespero pra se ver fora dali. Uma vontade tão óbvia que sempre levava leves esbarradas da mãe seguidas de um “Presta atenção!”.
Em seguida era hora da comunhão, Paulo fez a Eucaristia e então sempre ia comer a bolachinha e voltava para se ajoelhar assim como sua mãe, mas enquanto esta rezava ou algo do tipo, ele abaixava a cabeça e só conseguia pensar no quando aquilo era ridículo. Vieram as ofertas, e lembrou com certa nostalgia de como quando criança ele sempre pedia pra mãe para que pudesse colocar o dinheiro na sacola que os coroinhas iam passando de banco em banco, agora só pensava estar contribuindo contra a vontade para a disseminação de todo aquele grande equívoco que é a religião e em como ele poderia comprar algo de bom pra ele com aquele dinheiro.
Então tudo começava a se aproximar do fim. As últimas orações, leituras e músicas. As últimas levantadas, sentadas. O encerramento iminente sempre revigorava sua animação. Poderia aproveitar o domingo afinal. Sempre esperava que algumas pessoas começassem a partir em direção à porta antes de sair do seu lugar e então andava rápido, mas não muito.
Do lado de fora estava um belo dia. Esperava a mãe que sempre demorava mais um tempo conversando com outras mães. Mas a parte difícil havia acabado e mais alguns minutos não fazia diferença, o dia estava apenas começando e ele se via “livre” por mais uma semana.
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