sexta-feira, 10 de junho de 2011

Petista não pode ficar rico

É isso que se depreende do documento assinado pelo secretário geral do PT "O PT e a crise do ministro Palocci", onde está escrito:

"Os petistas não contestam o direito que Palocci tinha de exercer uma atividade privada quando saiu do governo em 2006 e de ter sucesso nela. O que causou espanto e levou os petistas a não apoiarem sua permanência no governo, foi a origem de seus ganhos privados (orientar os negócios de grandes empresas), a magnitude dos resultados (dezenas de milhões de reais), e o alto padrão de vida que ele se concedeu (representado pelo investimento em moradia fora de sua própria origem de classe média)."

Na minha modesta opinião, mesmo que se tratasse de um partido comunista (o que está longe de ser o caso), não teria o menor cabimento o contido no  texto assinado pelo cumpa Elói Pietá. Outra coisa, qual o problema de uma empresa de consultoria "orientar negócios de grandes empresas"? Consultoria de petista só pode orientar ONG de catadores de papel?

Eu só não mando esses petistas irem plantar batatas, porque seria uma forma de transformá-los em produtores rurais. O que também está no index do petismo.

Ou seja, nasceu rico, tudo bem. Mas se nasceu pobre tem que continuar pobre até morrer. Se nasceu na classe média e for carioca tem que morar na Tijuca.

Quem quiser se divertir muito não pode deixar de ler todo o texto. Eu tenho até cá minhas dúvidas se isso não foi um trabalho de hacker pra sacanear o partido. Ainda mais que eu li o texto no blog Terror do Nordeste e não no sitio do PT.


Isso com certeza é influência da Igreja Católica. Não acredito que um partido possa ter tante gente estúpida assim sem mais nem menos. Deve ter tido uma ajudinha...

15 comentários:

Anônimo disse...

Rico??? Com um apartamento de 6 milhões? Não pode nem ficar remediado... ;)

José Marcio disse...

Joel, será que esse documento é da direção do partido mesmo?

Anônimo disse...

Márcio, pra falar a verdade eu só vi no teu blog. Nem me interessei em pesquisar mais. Pelo que conheço do PT, é bem capaz de ser. É a famosa fraternidade da esquerda... aquela de Abel para com Caim.
Nada a ver, mas vc, logo vc, não lembrou do aniversariante João Gilberto aqui no blog?
Abç

José Marcio disse...

Cara, é a segunda vez que você me atropela com relação aos meus ídolos. Segunda não, terceira. Tom, Vilela e João. Mas as homenagens estão em boas mãos. Adorei as postagens sobre todos 3. Abração e um ótimo final de semana.

Sérgio Vianna disse...

"... fatos a mostrar o quanto nossa Justiça é cega. A balança da Thêmis (deusa da Justiça) está desequilibrada, a precisar de urgente revisão.".

Wálter Fanganiello Maierovitch

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Na semana passada a mídia nativa se preocupou bastante com os casos "Battisti" e "Palocci". Um festival de hipocrisia e melodramas de quinta categoria.

A mídia preferiu ignorar o STJ - Superior Tribunal de Justiça, e a decisão destrambelhada da 5a. Turma, sem nenhuma conexão com a realidade dos fatos, do dia-a-dia do povo.

A bem da verdade, há quem diga que a esdrúxula decisão poderá ser reformada por instâncias superiores (o Pleno do mesmo Tribunal ou pelo Supremo Tribunal - STF.
Registro minhas dúvidas.

Noutra passagem, Maierovitch anota a exposição de motivos do Ministro da Justiça de 1941, Francisco Campos, ao apresentar o novo Código de Processo Penal:

"...nenhuma nulidade processual poderia ser reconhecida se não tivesse causado prejuízo real, efetivo e concreto para a defesa ou a acusação.".

A estupidez das decisões do Judiciário brasileiro quando faz política - e esqueça seu papel de aplicar a Justiça - nos leva a imaginar a necessidade de uma ampla reforma do Poder que não recebe o voto do povo.

Para eliminar a ação de proteger os poderosos e oprimir o povo que assola a Justiça brasileira, e tranformar aquele Poder numa Instituição livre dessas amarras do século XIX.

Daniel Dantas e a impunidade que lhe é concedida vai se transformando numa inexplicável associação para o tráfico de influências, apodrecendo todos os tecidos sociais que permeiam sua ação deletéria.

Mas o artigo de Wálter Fanganiello Maierovitch vale a leitura. Usei a abordagem dele para expressar alguns pensamentos meus. Melhor verificar o original. Vou copicolar no próximo comentário.

Sérgio Vianna disse...

VENCEDOR DA SEMANA FOI DANTAS E NÃO BATTISTI

"Dantas conseguiu milagre judiciário maior que Battisti", diz Wálter Maierovitch

Texto reproduzido do Coversa Afiada.

"O grande vencedor da semana foi Daniel Dantas e não Battisti".

"Na Justiça brasileira, o verdaeiro milagre da causa impossível foi protagonizado pelo banqueiro Daniel Dantas e não por Cesare Battisti".

"Dantas tinha uma causa impossível e demostrou que milagres acontencem na Justiça brasileira".

"Dantas conseguiu, perante o Superior Tribunal de Justiça, uma decisão em que o acessório foi mais importante do que o principal. Onde a verdade real, ou seja, a comprovada corrupção ativa, restou desprezada. O STJ passou uma borracha, como se a corrupção ativa acontecida não tivesse relevância".

"Vamos aos fatos e a mostrar o quanto nossa Justiça é cega. A balança da Thêmis (deusa da Justiça) está desequilibrada, a precisar de urgente revisão".

"Francisco Campos, apelidado de Chico Ciência, apresentou, em 1941 e quando era ministro da Justiça, o novo código de processo penal brasileiro".

"Na exposição de motivos que preparou, e ao tratar do capítulo das nulidades, Francisco Campos frisou não deixar a nova legislação oportunidades para se “espiolhar nugas”, ou seja, catar quinquilharias".

"Pela nova lei, alertava o ministro Francisco Campos, nenhuma nulidade processual poderia ser reconhecida se não tivesse causado prejuízo real, efetivo e concreto para a defesa ou a acusação".

"Como se sabe, o banqueiro Daniel Dantas, conforme uma enxurrada de provas, interceptações telefônicas com autorização judicial e gravações feitas com o acompanhamento da equipe da rede Globo, procurou, por interpostos agentes, corromper policiais em apurações na denominada Operação Sathiagraha. Na casa de um dos enviados de Dantas, o professor Hugo Chicarini, a polícia federal apreendeu R$1,1 milhão".

"O imputado mandante do crime, banqueiro Daniel Dantas acabou condenado, em 2008, por consumado crime de corrupção ativa. Então, o banqueiro impetrou habeas corpus a fim de anular as provas colhidas na Operação Satiagraha e, por conseguinte, desconstituir a condenação por corrupção ativa prolatada pelo juízo da 6ª.Vara Criminal Federal e lavra do juiz Fausto De Sanctis".

"Por 3 votos contra 2, a 5ª.Turma do Superior Tribunal de Justiça concedeu a ordem de habeas corpus para anular a mencionada Satiagraha e o processo condenatório da 6ª.Vara Criminal Federal".

"Para os ministros julgadores, exceção a Gilson Dipp e Laurita Vaz, a participação de agentes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), órgão subordinado ao gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, foi ilegal e contaminou toda a apuração".

"Decisão de pasmar. Nenhuma dúvida pairava sobre a consumação de um grave crime a mando de um poderoso banqueiro. Para os ministros Adilson Macabu, Napoleão Maia e José Mussi, o importante era “espiolhar nugas”. A verdade real era secundária".

"Os agentes da Abin, que são servidores públicos do mesmo poder Executivo ao qual se subordina a polícia federal, em nada interferiram na consumação do crime de corrupção. E a nulidade mal decretada gerou impunidade. A decisão condenatória tinha sido, bem antes do habeas corpus que a anulou, confirmada no Tribunal Regional Federal da 3ª.Região que não considerou ilegal a participação de agentes da Abin na Satiagraha".

Wálter Fanganiello Maierovitch é jurista e professor, foi desembargador (aposentado) no TJ-SP e é colunista da Revista Carta Capital.

ruy garcia disse...

Caro Márcio,
Um dos antigos (ou ainda atual, vai saber) "consultores" de Daniel Dantas era um tal de José Dirceu. Além disso, prestaram (ou ainda prestam, vai saber) "assessoria jurídica" ao "banqueiro" os senhores Luiz Eduardo Greenhalgh e José Eduardo Cardozo, atual Ministro da Justiça, e todos eles ilustres próceres do PT.
No caso do Palocci, creio que a maior pisada na bola foi o fato de o cara eleger-se deputado federal, receber salário para defender os interesses de seus eleitores e dedicar-se, no exercício do mandato, a prestar consultorias regiamente remuneradas a troco do quê? Que consultoria coisa nenhuma; é mais do que óbvio que se tratava de tráfico de influência e de venda de informações privilegiadas. Do mesmo tipo que a prestada por José Dirceu a Daniel Dantas.
Ou seja, a máxima do Stanislaw nunca perde atualidade: Ou restaure-se a moralidade ou locupletemo-nos todos!

José Marcio disse...

Caro Ruy, em primeiro lugar, obrigado por prestigiar meu blog.
Você deve ter percebido que eu nem entrei no mérito da questão Palocci. Por vários motivos. Primeiro, não sou petista; segundo, não sou do Ministério Público; terceiro, não sou da PF. Eu só fiquei espantado foi com o fato de o tal Elói Pietá dizer que o Palocci errou porque trabalhou para grandes empresas. Vai ser idiota assim lá no... PT.

José Marcio disse...

Sérgio, eu mais uma vez te agradeço por prestigiar meu blog. Mas você já deve ter percebido que eu não sou muito chegado a essas questões morais. Aliás, eu até tenho uma certa simpatia por quem esculhamba com o capitalismo.

Em outras palavras, quero que se foda se o DD roubou. Se roubou, deve ter sido de outro ladrão filho da puta igual a ele.

Se eu gostasse dessas questões, talvez tivesse estudado mais um pouco e prestasse concurso para o Ministério Público ou Magistratura. Mas já ouvi dizer que o concurso é difícil pra caralho. Por isso me contentei eu ser um humilhíssimo empregado de empresa pública.
Outra opção seria a PF, mas eu morro de medo de armas de fogo.
Beijos.

José Marcio disse...

Joel, não sei se entendi bem, mas pra mim, quem tem um apartamento de 2 milhões (US$ ou R$) já é rico pra caralho. Eu não tenho nem um cafofo no conjunto do IAPI de Del Castilho.

José Marcio disse...

Em tempo: não tenho absolutamente nada contra quem ficou ou ficará rico. Só fico puto por me considerar um merda. Mas estou me tratando.

Sérgio Vianna disse...

O texto base dessa postagem, prezado Márcio, está no sítio da internet do PT.

É um texto de opinião, não significando endosso partidário. Eu creio.

O autor, Elói Pietá, é Secretário-Geral Nacional do PT.

Como você imaginou que poderia ser um trabalho de hacker, e o Joel disse não saber e que não viu publicado noutro espaço, eu fui lá e busquei o texto completo.

Está aí abaixo no próximo comentário.

Sérgio Vianna disse...

Opinião / Nacional
13:29 - 08/06/2011


O PT e a crise do ministro Palocci

Para os petistas, não sair em defesa de Palocci foi uma reação contra o risco de distanciamento do PT em relação à sua base social. Por isso estamos com a presidenta Dilma e apoiamos sua dolorosa atitude nesta hora.

Mesmo tendo que perder um ministro tão importante, ou tendo que parecer vencida pela pressão das oposições, ela preferiu não perder o sentido social de seu governo.

Os petistas não contestam o direito que Palocci tinha de exercer uma atividade privada quando saiu do governo em 2006 e de ter sucesso nela.

O que causou espanto e levou os petistas a não apoiarem sua permanência no governo, foi a origem de seus ganhos privados (orientar os negócios de grandes empresas), a magnitude dos resultados (dezenas de milhões de reais), e o alto padrão de vida que ele se concedeu (representado pelo investimento em moradia fora de sua própria origem de classe média).

Nós, petistas, éramos ‘de fora’ nos tornamos ‘de dentro’ do Estado brasileiro. Até hoje a elite rica ou a classe média alta de doutores não simpatiza com ver lá essa geração vinda dos movimentos de trabalhadores.

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continua no próximo comentário.

Sérgio Vianna disse...

Continuação do artigo de Elói Pietá

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Somos herdeiros dos esforços que o Partido Comunista representou ao levar em 1945 ao Parlamento trabalhadores historicamente excluídos do poder (por pouco tempo, já que logo posto na ilegalidade).

Somos herdeiros daqueles que no início dos anos de 1960 ensaiaram alguma presença no Estado através de suas lideranças sindicais e de partidos socialistas nascentes (tentativa abortada com o golpe militar).

Enfrentamos com muitas dificuldades materiais as eleições. Uma após outra, elegemos homens e mulheres vereadores, deputados, prefeitos, senadores, governadores, até chegar três vezes à presidência da República. Muitos se tornaram assessores nos parlamentos, nos governos, diretores, secretários, dirigentes de empresas públicas, ministros.

Quando estávamos perto do poder ou nele, as empresas privadas ajudaram nossas campanhas e procuraram nos aproximar delas. Queremos o financiamento público dos partidos para não depender delas. Respeitamos os empresários, mas com a devida distância.

Não queremos sair do que fomos. Sabemos que as relações econômicas e as condições materiais de vida terminam moldando ideias e ações. São milenares as reflexões que alertam para isso. Vamos recordar alguns exemplos.

Lá longe, o filósofo grego Platão, em A República, dizia que os governantes das cidades-estado não deveriam possuir bens, exceto aquilo de essencial que um cidadão precisa para viver. Que deveriam ter o ouro e a prata apenas na alma, porque se fossem proprietários de terras, casas e dinheiro, de guardas que eram da sociedade se transformariam em mercadores e donos de terras, então, de aliados passariam a inimigos dos outros cidadãos.

A Revolução Francesa no fim do século 18 fez brilhar pela ação dos excluídos as ideias de igualdade, fraternidade e liberdade, contra a concentração da riqueza e do poder nos reis, na nobreza e no clero. É verdade que depois houve a restauração do Império, mas também se fortaleceram as ideias socialistas.

Marx e Engels, que buscavam a emancipação do proletariado, consideravam que, para modificar a consciência coletiva era preciso modificar a base material da atividade econômica. Não bastava, portanto, a crítica das ideias, porque o pensar das pessoas reflete seu comportamento material.

Filósofos sociais posteriores, mesmo aqueles cujas ideias deram suporte ao liberalismo, como Max Weber, falavam de estamentos sociais definidos pelos princípios de seu consumo de bens nas diversas formas de sua maneira de viver.

Já dizia Maquiavel que a política se altera no ritmo incessante das ondas do mar. Os partidos tendem a ser como estas ondas: vem de muito longe, vem crescendo, até que um dia se quebram mansamente nas praias ou mais rudemente nos rochedos.

Defender vida modesta para políticos vindos da vida modesta das maiorias, é para o PT uma das condições indispensáveis para comandar um processo de distribuição da renda e inclusão das multidões excluídas, embora não a condição única.

Para cumprir esta condição e nosso papel, é essencial sermos, como temos sido: fiéis, na nossa vida pessoal e política, aos milhões e milhões de brasileiros que tem votado e confiado em nós. É legítimo para nós progredir ao longo da vida, desde que todos cresçam na mesma medida em que o bem-estar do povo cresce.

Voltando ao companheiro Palocci: respeitamos suas opções, admiramos sua competência, reconhecemos seu trabalho a serviço do povo. Mas, pelas razões expostas, o PT mostrou que prefere o político de vida simples que conhecemos, ao empresário muito bem sucedido sobre o qual agora se fala.

Nesse mix de filosofias sobre a riqueza e seu reflexo no pensamento social, terminamos lembrando o imperativo categórico de Kant: aja de tal modo que a máxima de sua ação possa ser universalizada, isto é, para que todos sejam iguais a você.

Por isso que, para continuarmos a ser um partido dos trabalhadores, não é bom que cultivemos o ideal de empresários.

Elói Pietá é secretário geral nacional do PT.

Sérgio Vianna disse...

Elói Pietá foi prefeito em mais de um mandato de Guarulhos, a maior cidade paulista depois da capital, com 1 milhão e 350 mil habitantes.

O texto dele foi publicado também no blog do Marco Aurélio Mello, o "DoLaDoDeLá", em (http://maureliomello.blogspot.com/).

Há comentários na publicação dele, como os a seguir:

José Erivaldo Ferreira Silva disse...

O Éloi Pietá é um cara (ex-prefeito de Guarulhos) que vive na simplecidade, uma outra vez, tive o privilegio de encontra-lo em uma simples fila de um Shopping na praça de alimentação. Seu carro é o mesmo de 10 anos atraz. Parabens
11/06/11 19:58

Davi disse...

Elói Pietá poderia arregaçar as mangas e iniciar um movimento por esse Partido dos Trabalhadores que ele relembra.

Tenho certeza que ele seria uma grande liderança a ser seguida por milhares de petistas e militantes que enxergam os mesmos objetivos na arte de fazer política. Com "P" maiúsculo.

Vamos nessa Pietá!
13/06/11 21:49