segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Quando o STF vai julgar o Mensalão Tucano?

Entenda como os tucanos operavam o propinoduto do Metrô de SP

Tucanos migram pra Suíça enquanto enrolam
 os brasileiros com a farsa do mensalão

Na edição da semana passada, ISTOÉ revelou quem eram as autoridades e os servidores públicos que participaram do esquema de cartel do Metrô em São Paulo, distribuíram a propina e desviaram recursos para campanhas tucanas, como operavam e quais eram suas relações com os políticos do PSDB paulista. 

A conta Marília foi a porta por onde
passaram 20 milhões de Euros


Agora, com base numa pilha de documentos que o Ministério da Justiça recebeu das autoridades suíças com informações financeiras e quebras de sigilo bancário, já é possível saber detalhes do que os investigadores avaliam ser uma das principais contas usadas para abastecer o propinoduto tucano. De acordo com a documentação obtida com exclusividade por ISTOÉ, a até agora desconhecida “conta Marília”, aberta no Multi Commercial Bank, hoje Leumi Private Bank AG, sob o número 18.626, movimentou apenas entre 1998 e 2002 mais de 20 milhões de euros, o equivalente a R$ 64 milhões. O dinheiro é originário de um complexo circuito financeiro que envolve offshores, gestores de investimento e lobistas.

Uma análise preliminar da movimentação da “conta Marília” indica que Alstom e Siemens partilharam do mesmo esquema de suborno para conseguir contratos bilionários com sucessivos governos tucanos em São Paulo. Segundo fontes do Ministério Público, entre os beneficiários do dinheiro da conta secreta está Robson Marinho, o conselheiro do Tribunal de Contas que foi homem da estrita confiança e coordenador de campanha do ex-governador tucano Mário Covas. Da “Marília” também saíram recursos para contas das empresas de Arthur Teixeira e José Geraldo Villas Boas, lobistas que serviam de intermediários para a propina paga aos tucanos pelas multinacionais francesa e alemã. 

O lobista Arthur Teixeira personifica o elo entre os esquemas Alstom e Siemens. Como ISTOÉ já revelou numa série de reportagens recentes, com base nas investigações em curso, Teixeira e seu irmão Sérgio (já falecido) foram responsáveis por abrir as empresas Procint e Constech, além das offshores Leraway Consulting e Gantown Consulting, no Uruguai, com o único objetivo de servir de ponte ao pagamento de comissões a servidores públicos e a políticos do PSDB. Teixeira tinha acesso privilegiado ao secretário de Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes, e ao diretor de Operação e Manutenção da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), José Luiz Lavorente, o encarregado da distribuição em mãos da propina. 

O tucano Arthur Teixeira, dono de offshores
no Uruguai, recebeu recursos da “conta Marília”


Até 2003 conhecido como Multi Commercial Bank, depois Safdié e, a partir de 2012, Leumi Private Bank AG, a instituição bancária tem um histórico de parcerias com governos tucanos. Em investigações anteriores, o MP já havia descoberto uma outra conta bancária nesse banco em nome de Villas Boas e de Jorge Fagali Neto, ex-secretário de Transportes Metropolitanos de SP (1994, gestão de Luiz Antônio Fleury Filho) e ex-diretor dos Correios (1997) e de projetos de ensino superior do Ministério da Educação (2000 a 2003) na gestão Fernando Henrique Cardoso. Apesar de estar fora da administração paulista numa das épocas do pagamento de propina, Fagali manteria, segundo a Polícia Federal, ascendência e contatos no governo paulista. Por isso, foi indiciado pela PF sob acusação de formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Fagali Neto também é irmão de José Jorge Fagali, que presidiu o Metrô na gestão de José Serra. José Jorge é acusado pelo MP e pelo Tribunal de Contas Estadual de fraudar licitações e assinar contratos superfaturados à frente do Metrô.

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

O brizolismo sem Brizola voltará em 2014?

É o que certamente acontecerá depois desta campanha sórdida, mentirosa e oportunista orquestrada por traficantes, petistas, direita (PSOL, Mídia, PSDB etc) contra Sergio Cabral e Eduardo Paes.

Desta lista constam:

1) marginais contrariados com a política de segurança pública vitoriosa do governador Cabral. Não aguentam (com razão) as UPPs;

2) petistas traidores, irresponsáveis e oportunistas. Traidores porque se aproveitaram do prestígio do governador e do prefeito para o apoio irrestrito dos dois aos governos petistas de Lula e Dilma; irresponsáveis porque devem saber muito bem que o risco da volta do brizolismo sem Brizola é enorme e oportunistas porque não se contentam com os cargos que tem nos governos estadual e municipal. Querem tudo. Como se isso fosse possível com os péssimos quadros partidários de que dispõe o PT em nosso estado.

2) o paulistério que querem a volta do tempo em que as empresas fechavam suas portas aqui no Rio de Janeiro e iam pra São Paulo.

3) mentirosos como a mídia golpista de que tanto fala mal o PT, mas que com ela se alia por conta dessa ganância eleitoral que não passa de uma quimera.

4) a direita (PSDB, PSOL, PSTU etc) que odeiam as políticas sociais do governador e do prefeito.

O brizolismo ficou de 1983 a 2012 destruindo nosso estado. O empresário uruguaio Leonel Brizola; o incompetente que faliu o município, Saturnino Braga (este com a conivência destruidora do próprio PDT que o elegeu); César Maia, que dispensa comentários e o Casal Garotinho que também dispensam comentários.

Essa gente massacrou o Rio de Janeiro da mesma forma como os tucanos fazem com São Paulo. E querem voltar. Desta vez acho que voltaram unidos. Basta lembrar a chapa derrotada composta pelos filhotes de César Maia e Casal Garotinho em 2012.

Minha esperança é que o povão das comunidades que tanto foram beneficiados pelas políticas social e de segurança do governador, na hora do voto, lembrem do antes e do depois do brizolismo e elejam alguém que nasceu, gosta e governa muito bem o estado do Rio de Janeiro.

Papai e filhote doidos pra
acabarem de destruir o Rio
Família que rouba unida
permanece unida

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Tudo sobre a farsa do "mensalão"

Botafogo é o PSTU do futebol

Eu até tenho (tinha) uma certa simpatia pelo Botafogo. Afinal, um clube que já teve Gérson, Rildo, Didi e tantos outros cracaços merece respeito.

Chatos!!!

Mas de uns tempos pra cá. Acho que justamente durante os 21 anos que ficaram ser ser campeões estaduais, a torcida do Botafogo ficou insuportável. São, de longe, os mais fanáticos. Falam e pensam no Botafogo o tempo todo. Obrigam as pessoas a ouvir seus elogios ao time o tempo todo. No Facebook geralmente só postam chatices sobre o Botafogo.

Numa boa, se a torcida do Botafogo fosse do tamanho da do Flamengo eu ia mudar para Angola. Seria insuportável demais pra mim. Prefiro as minas, a pobreza do país africano à chatice dos botafoguenses.

Que me desculpem os queridos amigos botafoguenses. Nada pessoal (ou seria pessoal?). Mas vocês abusam do sagrado direito de serem chatos.

Além disso, são conhecidos pelo contumaz mimimi. Até quando vencem eles reclamam. Acreditam piamente que existe uma conspiração a nível mundial envolvendo a CIA, DEA americanos. O M16 britânico e até o Serasa pra prejudicar a porra do time.

Porra! Vão encher o saco do caralho! Reúnam-se em ambiente fechado e fiquem lá chorando, comemorando, tecendo loas. Enfim, fazendo o que quiserem com relação a este time de bosta.

PS: me desculpem os amigos Adilson Gavião, Marcilio Figueiró, João Luiz Pacheco, Vinícius Assumpção mas tá foda.

sábado, 17 de agosto de 2013

Joaquim Barbosa é criminoso

Pelo menos é o que se depreende do artigo do desembargador Walter Maierovitch, que sai na edição desta semana de CartaCapital:

Para ser um jumento só faltam as asas
O desembargador aposentado Walter Maierovitch, insuspeito de qualquer simpatia pelos réus da ação penal 470, o chamado “mensalão” publica hoje, na CartaCapital, um duro artigo contra o comportamento, ontem, do presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, ao agredir verbalmente – que quase vai além disso, dizem os jornais – o seu colega Ricardo Levandowski.

Maierovitch diz que Barbosa não tem condições de equlíbrio para presidir o julgamento do caso e sugere que ele se licencie da função de presidente do Supremo. Ele seria incapaz, segundo o desembargador, de mediar até “jogos de xadrez de velhinhos reunidos em praça pública”.

A reação de Maierovitch, defensor das condenações realizadas neste caso, mostra o estrago que Barbosa está fazendo no Judiciário com sua ânsia de apresentar-se como um, assim chamei aqui, Charles Bronson jurídico, capaz de pretender ser um justiceiro que exercita arbitrariamente suas próprias razões.

Leia todo o artigo em no blog Tijolaço de 

Joaquim Barbosa está apavorado com seus próprios "erros"

Afinal, por que Joaquim Barbosa teve mais uma explosão diante das câmeras no plenário do STF? Fruto do já conhecido temperamento autoritário e desrespeitoso? Na verdade, seu temor é ser forçado a corrigir um erro que ele próprio cometeu, na definição das penas, ao omitir a data de morte de José Carlos Martinez (abaixo à dir.), com quem o PT fechou um acordo eleitoral e que faleceu em outubro de 2003; a data tem papel essencial na definição de penas de réus como Bispo Rodrigues, pivô da discussão de ontem, e até de José Dirceu; brigada da mídia já se movimenta para evitar que o erro seja revisto, como nas colunas de Merval Pereira, Reinaldo Azevedo e Josias de Souza

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Ethos é financiada pela Siemens e pela Alstom!!!

A ética da jabuticaba: Siemens e Alstom patrocinam o Ethos

O lobo vai investigar a raposa
sobre o assalto ao galinheiro

A Siemens e a Alstom, duas campeãs mundiais no pagamento de suborno (clique aqui e aqui para ver o currículo global de suborno de cada uma) patrocinam, no Brasil, ninguém menos que o Instituto Ethos, uma organização que tem como objetivo, diz ela, combater “a utilização do tráfico de influência e o oferecimento ou o recebimento de suborno ou propina por parte de qualquer pessoa ou entidade pública ou privada”.

E o Ethos, convidado pelo Governador Geraldo Alckmin, vai integrar a “Comissão Pró-Transparência” do escândalo do metrô e dos trens paulistas superfaturados com a Siemens e a Alstom!

Só a Siemens destinou US$ 3 milhões para um dos projetos do Ethos, os “Jogos Limpos”. Não foi o Banco Mundial que selecionou os projetos aos quais seria destinado dinheiro das sanções sofridas pela empresa por corrupção. O Banco Mundial apenas acompanha, com direito de veto, a escolha dos programas.

A Alstom também não é uma mera sócia contribuinte. Foi, ao lado da Siemens e de outras empresas, a patrocinadora, pasmemda edição de uma revista sobre responsabilidade das empresas em relação às eleições

Leia mais em Tijolaço

Roberto Menescal e Andrea Amorim

No programa do Ronnie Von:

domingo, 4 de agosto de 2013

Um texto de Bocaccio

Peronella

tradução: Mauricio Santana

Decameron de Bocaccio
A safadinha Peronella

Todos escutaram a novela de Emilia com fortes risadas e tomaram a oração por boa e santa. Tão logo ela chegou ao fim, o rei ordenou a Filostrato que prosseguisse, e este assim começou:

Minhas queridas, são tantas as trapaças que os homens lhes fazem, especialmente os maridos, que, quando às vezes ocorre de uma mulher enganar o marido, vocês deveriam não só se mostrar contentes com o fato --e de sabê-lo e ouvi-lo de outro--, mas também espalhar a notícia por aí, a fim de que os homens compreendam que, se eles podem, por seu turno as mulheres também podem; coisa que não lhes poderia ser mais proveitosa, porque, quando algum deles souber que outros também são capazes disso, não se meterá a querer enganar tão levianamente.

Quem duvidaria, pois, que, ao tomar conhecimento da matéria que narraremos hoje, os homens teriam grande motivo de evitar ludibriá-las, sabendo que do mesmo modo vocês, se quisessem, poderiam enganá-los? Portanto é minha intenção contar-lhes como uma jovenzinha, embora de humilde condição, conseguiu burlar o marido em dois tempos a fim de salvar-se.

Não faz muito, em Nápoles, um pobre homem casou-se com uma mulher bonita e volúvel chamada Peronella; ambos tinham escassos recursos e levavam a vida como podiam, ele, trabalhando de pedreiro, e ela, a fiar em casa. Aconteceu um dia que um jovem conquistador, pondo os olhos em Peronella e agradando-se muito dela, acabou se apaixonando; e tanto fez e insistiu que, ao final, tornou-se íntimo da mulher.

A fim de poder se encontrar, fizeram o seguinte acerto: como o marido se levantava bem cedo toda manhã para trabalhar ou buscar trabalho, o jovem deveria vigiar a casa às escondidas até que ele saísse; e, como o local onde moravam --que se chama Avorio-- era muito solitário, assim que o homem saísse, ele entraria na casa; e foi o que fizeram várias vezes.

No entanto, certa manhã em que o bom homem saiu e Giannello Scrignario --este era o nome do jovem-- entrou na casa e já estava com Peronella, depois de algum tempo o marido voltou, coisa que nunca fazia. Ao ver a porta trancada por dentro, bateu e se pôs a pensar consigo: "Oh, Deus seja louvado! Apesar de me ter feito pobre, deu-me em compensação esta esposa jovem, bela e honesta! Olha só como ela tranca a porta por dentro assim que eu saio, para que nenhuma pessoa possa entrar e molestá-la".

Ao perceber a chegada do marido, que a mulher reconheceu pelo modo de bater à porta, Peronella disse: "Ai de mim! Giannel, meu querido, estou morta; aí está meu marido de volta, o desgraçado; não sei o que isso quer dizer, pois ele nunca retorna a esta hora: quem sabe o viu quando você entrou! Mas não importa: pelo amor de Deus, entre naquele tonel ali enquanto vou abrir a porta para ele, e vamos ver o que significa isso de voltar para casa tão cedo".

Giannello entrou rapidamente no tonel, e Peronella foi abrir a porta ao marido, dizendo-lhe de cara feia: "Ora, que novidade é esta de hoje você voltar tão cedo para casa? Pelo que vejo, você não quer fazer nada esta manhã, já que veio com as ferramentas na mão: se você agir assim, o que será de nós? De que vamos viver? O que vamos comer? Acha que estou feliz de você empenhar minhas roupas e meus trapos, eu, que não faço senão fiar dia e noite, tanto que a carne me saltou da unha, só para pelo menos termos óleo com que acender nossa lamparina? Marido, marido"¦ não há vizinha que não se surpreenda e não troce de mim, tal é a fadiga que eu suporto --e você me volta para casa de mãos abanando, quando devia estar trabalhando".

E, ao falar assim, desatou a chorar e a repetir: "Ai de mim! Tão cansada e sofrida! Em que má hora nasci, sob que estrela ruim! Poderia ter tido um jovem bem situado e não quis, só para me juntar a um homem que não pensa na esposa! As outras se divertem com seus amantes, e não há mulher que não tenha ao menos dois ou três, gozando e passando gato por lebre aos maridos; e eu, coitada de mim! Porque sou boa e não dou atenção a essas coisas, padeço e vivo em má sorte. Não sei por que não arranjo uns amantes, por que não faço como as outras! Veja bem, meu marido, se eu quisesse me comportar mal, logo acharia com quem, porque há muitos galanteadores que me cortejam e me querem bem, até me ofereceram um monte de dinheiro ou, se eu quisesse, objetos e joias, mas meu coração nunca vacilou, porque minha mãe sempre me deu bom exemplo --e você me volta para casa quando devia estar trabalhando!".

Então o marido disse: "Eh, mulher, não fique triste, pelo amor de Deus! É verdade que saí para trabalhar, mas se vê que, assim como eu, também você não sabia que hoje é festa de São Cânio de Atela, e não se trabalha; por isso voltei cedo para casa. No entanto, achei um jeito de termos pão para mais de mês: vendi ao sujeito que está aqui comigo nosso tonel, que há tanto tempo nos atravancava a casa, e vou receber cinco moedas por ele".

Então Peronella respondeu: "Isso tudo só me faz mais triste: você, que é homem e anda por aí, deveria conhecer as coisas do mundo, mas vendeu um tonel por cinco moedas; já eu, que sou mulher e quase nunca passo da porta de casa, vendo a situação incômoda em que estávamos, vendi o tonel por sete moedas a um bom homem, que entrou nele para inspecioná-lo assim que você voltou".

Quando o marido ouviu isso, ficou contentíssimo e disse ao homem que viera para levá-lo: "Meu bom homem, vá com Deus; como você ouviu, minha mulher o vendeu por sete moedas, e sua proposta não passava de cinco".

O bom homem disse: "Então está bem" --e foi embora.

E Peronella falou ao marido: "Já que você está aqui, venha comigo e trate pessoalmente de nossos negócios".

Giannello, que estava de orelha em pé para ver se corria risco ou precisaria agir, mal ouviu as palavras de Peronella, saltou imediatamente para fora do tonel; e, como se não tivesse notado o retorno do marido, começou a dizer: "Boa senhora, onde está?".

Ao que o marido, que já chegava, respondeu: "Aqui estou, em que posso servi-lo?".

E Giannello: "Quem é você? Quero falar com a mulher com quem tratei deste tonel".

O bom homem respondeu: "Pode tratar diretamente comigo, que sou o marido".

Então Giannello disse: "O tonel me parece bem firme, mas acho que vocês andaram despejando imundícies lá dentro, porque ele está todo encrostado de coisas tão secas que não consegui tirá-las com as unhas, e só vou fechar negócio se ele estiver limpo".

Então Peronella emendou: "Não seja por isso: meu marido vai limpá-lo bem".

Ao que o marido respondeu: "Com certeza"; em seguida, arriou as ferramentas no chão, pôs-se em mangas de camisa, pediu uma lamparina, uma raspadeira, entrou no tonel e iniciou a limpá-lo. Enquanto isso, como se quisesse acompanhar o serviço do marido, Peronella pôs a cabeça na boca do tonel "" que não era muito larga "" e, além disso, um dos braços e o ombro, e começou a dizer: "Raspe aqui, ali e ali também" e "Veja, aqui ficou uma casquinha".

Ao ver a mulher instruindo e chamando a atenção do marido, Giannello, que ainda não tinha saciado plenamente seu desejo quando o homem chegou, e vendo que não poderia satisfazê-lo como queria, imaginou um jeito de arranjar-se; assim, achegando-se à mulher que, naquela posição, cobria toda a boca do tonel, fez como os cavalos que, desenfreados e ardentes de amor, assaltam nas vastas campinas as éguas de Pártia no cio e levou a cabo seu desejo juvenil; por fim, quase ao mesmo tempo em que o tonel foi limpo e raspado, ele se desgrudou da mulher e Peronella, tirando a cabeça do tonel, deixou que o marido saísse.

Então ela falou a Giannello: "Tome esta lamparina, bom homem, e veja se agora está de seu agrado".

Olhando o tonel por dentro, Giannello se mostrou satisfeito e disse que estava bom; em seguida, desembolsou as sete moedas e mandou levá-lo até sua casa.

SOBRE O TEXTO Escrito entre 1349 e 1351 (ou 53), o "Decameron" inaugura a prosa de ficção no Ocidente. A novela aqui reproduzida é uma das dez selecionadas, dentre as cem que compõem a obra, pelo crítico e tradutor Maurício Santana Dias para edição comemorativa dos 700 anos de Boccaccio, a sair em outubro pela Cosac Naify. Esta novela, como frisa o organizador, mostra que o tema do adultério, para o escritor, "não é visto necessariamente como um pecado em si, podendo se transformar no elogio da astúcia contra a tolice".