Nos últimos dias, o país assistiu a “aulas” do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. Mas não foram as aulas de democracia que ele anunciou que gostaria de dar aos alunos da USP que resistiram à entrada de uma polícia militarizada na Cidade Universitária. Foram aulas de como não lidar com a Segurança Pública.
Na segunda-feira, o país assistiu ao “preparo” da Polícia que o governo paulista colocou na USP. Se aquele policial que saca a arma e esbofeteia por qualquer coisa representa o padrão dos policiais que estariam “policiando” a universidade, os alunos têm muita razão ao reclamar.
Mas a grande aula de incompetência, insensibilidade, preconceito e irresponsabilidade que o governador de São Paulo acaba de dar pôde ser vista na desastrada operação policial na Cracolândia paulistana.
Parece ocioso detalhar os defeitos da operação, mas incluem a criação de um grave problema de Segurança em regiões que não o tinham na dimensão que agora têm e a constatação de que seu único objetivo foi o que tem sido ventilado pela imprensa, o de mostrar serviço sem saber como.
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Olhe para o Rio de Janeiro, governador. Enquanto o senhor bate cabeça e indigna São Paulo, seu colega carioca preferiu fazer da capital fluminense a 1ª cidade a adotar o plano do governo federal contra o crack.
Uma imensa diferença de mentalidade pode ser vista logo de cara. Segundo o jornal O Estado de São Paulo, a delegada de Combate às Drogas recém-nomeada, Valeria de Aragão Sádio, de 35 anos, diz que “usuário não é problema de polícia”, mas “um problema de saúde e assistência”.
Valeria participou de todas as 63 operações realizadas em cracolândias do Rio desde março de 2011, quando assumiu a Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente. Quantas operações ocorreram em São Paulo, no período? Vai começando, pois, a ficar clara a razão da situação por aqui.
As ações conjuntas da Secretaria Municipal de Assistência Social e da Polícia Militar resultaram no recolhimento de 3.195 pessoas a centros de tratamento. Em São Paulo, esse é o número aproximado de abordagens causadoras de “dor e sofrimento”, ou seja, a polícia aborda o usuário de crack que tenta sentar-se ou deitar-se na rua, impedindo que pare em algum lugar.
Desse total de 3.195 usuários de crack recolhidos no Rio, 475 eram crianças ou adolescentes e 104 foram internados de maneira involuntária. Será que os viciados do Rio são mais permeáveis a aceitar tratamento do que os de São Paulo? Nem 5% dos viciados cariocas recolhidos resistiram.
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Nota 1: A gente pode até não simpatizar com o prefeito e com o governador, mas tem que ser muito do contra pra não admitir que são os melhores administradores que tanto capital quanto estado tiveram nos últimos 50 anos.
Nota 2: Náo é provocação com o Mario Assis.
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