Triste democracia paraguaia
José Garcia Lima (*)
O modelito pigueano – erigir um fato, apontar os culpados, determinar a condenação e só então providenciar o rito que consagra a condenação já definida –, dessa vez, no Paraguai, surpreendentemente, escapou a qualquer controle. Até porque sucessivas experiências – o golpe na Venezuela, que chegou a prender Chaves e que foi abortado pela população; a tentativa de impedimento de Lula, em 2005; a tentativa de jogar a Bolívia e o governo de Evo contra o Brasil quando da nacionalização de ativos da Petrobrás; a ignóbil e nojenta pré-condenação no chamado “mensalão”, que pretende consumada pelo STF – já haviam resultado em alguma revisão nas determinações do Instituto do Milênio sobre como envolver entidades e instâncias de modo a que legitimar as suas ações.
Agora, no Paraguai, ninguém com um mínimo de pudor, o que, evidentemente, exclui alguns notáveis despudorados, vai poder sustentar a “normalidade democrática” da farsa produzida.
Por que Lugo mencionou a máfia e o narcotráfico como parte dos interesses que produziram a farsa do senado paraguaio? Lá, como cá, espero que por motivos diversos, a reforma agrária é um fantasma que assombra as forças conservadoras que controlam e exploram as camadas mais pobres da população.
A produção rural paraguaia, plantando pouquíssima soja, por exemplo, é notável exportadora da leguminosa! Os campos de pouso para aviões de pequeno porte em suas fazendas têm, diz-se, movimento maior que todos os aeroportos da região – verificado apenas a olho vivo, pois que sem quaisquer registros oficiais. E todos esses pousos não devem ser para descarregar a soja que não é plantada!
Talvez o PIG continental, que sabe tanto sobre quase tudo, saiba responder tais indagações que envolvem a farsa do senado paraguaio.
Aliás, sobre tal farsa, a Argentina, a Venezuela, a Bolívia e o Brasil já se manifestaram. Reage, Paraguai!
(*) José G. Lima é da Direção Executiva da CUT-RJ
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