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sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Momento poético



O Cume 

Autor desconhecido

Fiquei todo arrepiado quando li


No alto daquela serra
Semeei uma roseira
O mato no Cume arde
A rosa no Cume cheira 

Quando cai a chuva grossa
A água o Cume desce
O orvalho no Cume brilha
O mato no Cume cresce 

Mas logo que a chuva cessa
Ao Cume volta alegria
Pois volta a brilhar depressa
O sol que no Cume ardia 

E quando chega o Verão
E tudo no Cume seca
O vento o Cume limpa
E o Cume fica careca 


Ao subir a linda serra
Vê-se o Cume aparecendo
Mas começando a descer
O Cume se vai escondendo 

Quando cai a chuva fria
Salpicos no Cume caiem
Abelhas no Cume picam
Lagartos do Cume saiem 

À hora crepuscular
Tudo no Cume escurece
Pirilampos no Cume brilham
E a lua no Cume aparece


E quando vem o Inverno
A neve no Cume cai
O Cume fica tapado
E ao Cume ninguém vai 

Mas a tristeza se acaba
E de novo vem o Verão
O gelo do Cume cai
E todos ao Cume vão

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Meu soneto preferido

Mal Secreto
Raimundo Correia


Se a cólera que espuma, a dor que mora
N’alma, e destrói cada ilusão que nasce,
Tudo o que punge, tudo o que devora
O coração, no rosto se estampasse;

Se se pudesse o espírito que chora
Ver através da máscara da face,
Quanta gente, talvez, que inveja agora
Nos causa, então piedade nos causasse!

Quanta gente que ri, talvez, consigo
Guarda um atroz, recôndito inimigo,
Como invisível chaga cancerosa!

Quanta gente que ri, talvez existe,
Cuja a ventura única consiste
Em parecer aos outros venturosa!

sábado, 13 de novembro de 2010

Torquato Neto com Jards Macalé e Paulo José

Esse vídeo é legal pra quem pensa que Torquato Neto só fez "Pra dizer adeus". Aquela linda canção romântica em parceria com Edu Lobo.

Eu vi esse vídeo no blog do KLAXONSBC. Não resisti e tasquei no meu.
Curtam:

sábado, 21 de agosto de 2010

Sábado de poesia (já que o Joel tá no encontro...)

Manuel Bandeira

Ultima Canção do Beco

Beco que cantei num dístico
Cheio de elipses mentais,
Beco das minhas tristezas,
Das minhas perplexidades
(Mas também dos meus amores,
Dos meus beijos, dos meus sonhos),
Adeus para nunca mais!

Vão demolir esta casa.
Mas meu quarto vai ficar
Não como forma imperfeita
Neste mundo de aparências:
Vai ficar na eternidade,
Com seus livros, seus quadros,
Intacto, suspenso no ar!

Beco de sarças de fogo,
De paixões sem amanhas,
Quanta luz mediterrânea
No esplendor da adolescência
Não recolheu nestas pedras
O orvalho das madrugadas,
A pureza das manhas!

Beco das minhas tristezas.
Não me envergonhei de ti!
Foste rua de mulheres?
Todas são filhas de Deus!
Dantes foram carmelitas...
E eras só de pobre quando,
Pobre, vim morar aqui.

Lapa – Lapa do Desterro -,
Lapa que tanto pecais!
(Mas quando bate seis horas,
Na primeira voz dos sinos,
Como na voz que anunciava
A conceição de Maria,
Que graças angelicais!)

Nossa Senhora do Carmo,
De lá de cima do altar,
Pede esmola para os pobres,
- Para mulheres tão tristes,
Para mulheres tão negras,
Que vem na porta do templo
De noite se agasalhar.

Beco que nasceste a sombra
De paredes conventuais,
És como a vida, que é santa
Pesar de todas as quedas
Por isso te amei constante
E canto para dizer-te
Adeus para nunca mais!

25 de marco de 1942

PS: eu não sou tão ignorante quanto aparento.