Este eco-chato decidiu viver no mato |
Denis Lerrer Rosenfield*
O mal e o capitalismo
Para que se possa melhor compreender os atuais debates em torno das questões ambientais, com reflexos na vidadas cidades e do campo, torna-se necessário compreender a mentalidade dos ambientalistas radicais. Em vez de ponderações científicas, observamos cada vez mais concepções de fundo religioso, em que os seus agentes, como uma espécie de profetas, defendem a sua causa de uma maneira absoluta.
Argumentos científicos são cada vez mais relegados a segundo plano,embora, sob aformado disfarce, esse tipo de ambientalista diz representar avanços científicos. O que está, na verdade, em questão é uma mentalidade teológico-política, em tudo avessa ao pensamento crítico. Vejamos os pontos estruturantes dessa mentalidade: 1) o fim do mundo; 2) os profetas; 3) o mal; e 4) a salvação.
O fim do mundo. Os ambienta-listas radicais ou religiosos – o que é a mesma coisa – vivem anunciando o fim do mundo. Se não forem ouvidos ou atendidos, o planeta estará caminhando inexoravelmente para a catástrofe final, que já se anuncia no s dias presentes. Sua fala: se vocês não nos ouvirem, o pecado ambiental os fulminará!
Um dos seus cavalos de batalha reside no anúncio do “aquecimento global”, que e staria produzindo resultados que confirmariam suas profecias. Curioso nesse caso é que exercem tal influência sobre a opinião pública que nenhuma contestação é autorizada, principalmente as científicas. Tornou-se “normal” falar do aquecimento global planetário como se fosse uma verdade in-conteste. Quem discorda é anatematizado. Cientistas que defendem essas posições, também chamados ecocéticos, têm, mesmo, dificuldades em publicar seus artigos. Os ecorreligiosos procuram, de todas as maneiras, fazer valer as suas posições.
Em entrevista ao jornal O Globo (20/6/2012), Richard Lindzen, cientista renomado do MIT, antes defensor das previsões alarmantes do aquecimento global, contesta atualmente esse catastrofismo, tendo se tornado um ecocético, ou sej a, as sumindo posições propriamente científicas. Entre outros pontos, assinala que não houve um aquecimento significativo nos últimos 15 anos e, desde 1995, a temperatura média global do planeta pouco variou. No entanto, os anúncios proféticos do aquecimento global não cessam, embora não exista aquecimento que conduza ao anunciado desastre final.
Profetas. Nos últimos 150 anos, a temperatura média global variou entre 0,7 grau e 0,8 grau Celsius, o que invalidaria qualquer catastrofismo. No entanto, os profetas do fim do mundo continuam com previsões cada vez mais sombrias. Essas previsões são incessantemente desmentidas pelos fatos, porém sempre inventam novas, com supostos aquecimentos progressivos que tornarão o planeta inabitável em poucas décadas. Num curto espaço de tempo, catástrofes naturais tomariam conta do mundo. Não houve nenhuma grande catástrofe natural, mas seus anúncios apocalípticos continuam. A mentalidade religiosa se reveste, contudo, de uma roupagem científica. Agem religiosamente e, de acordo com a concepção moderna, procuram lhe conferir um ar de cientificidade.
Quem quiser ler toda a entrevista faça-o clicando no Blog da Usina de Belo Monte
* PROFESSOR DE FILOSOFIA NA UFRGS. E-MAIL: denisrosenfield@terrra.com.br
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