Eu tenho profunda admiração pelo professor Emir. Corajoso, franco, preparado e tantos outros adjetivos igualmente elogiosos. Mas acho que existe gente brilhante pra certas coisas e péssimos pra outras. Por isso mesmo fiquei intrigado com a decisão da ministra Ana de Hollanda de não confirmar a sua, dele, nomeação para a Casa de Rui Barbosa. Mas como ando meio desligadão dessas fofocas de início de governo, deixei pra lá.
Eis que me deparo com uma entrevista dada pelo professor Emir à Folha de São Paulo onde ele, dentre outras sandices (nada a ver com a Sandy) disse que a ministra - sua futura chefe - é "meio autista".
Os chicos alencares e molons versões 2011 ficaram extremamente chocados com tal desnomeação. Meteram o malho na ministra. Mas queriam o quê?
Lembro que nos dois primeiros anos do primeiro governo Lula o professor Emir encabeçava uma imensa lista de pessoas de esquerda que metiam o malho no metalúrgico (sem duplo sentido, por favor). Era a época em que Chico Alencar, Molão e o intragável Eliomar Coelho iam pro Buraco do Lume achincalhar com o governo do seu então partido o PT. Eu os chamava de "Trio Maravilhoso Regina" (os mais experientes sabem do que esto falando; os mais novinhos que cliquem no link se quiserem saber do que se trata).
Mas o professor Emir, através do portal Carta Maior era o que dava mais credibilidade às críticas. Ele era cruel. Política econômica, cultural, de saúde, tudo era alvo de suas contundentes estocadas.
Lembro que fiquei super feliz quando encontrei um único texto de alguém de esquerda com uma visão otimista do governo que acabáramos de eleger. Foi no Óleo do Diabo do excelente Miguel do Rosário. Tratei de copicolar e distribuir para todos os meus amigos. Inclusive para aqueles amigos que compunham a claque do Trio Maravilhoso Regina. Hoje em dia, devo dizer que com o advento do blog não preciso mais escrever diretamente para A, B ou C. Escrevo o que me dá na telha no meu blog. Quem gostar, ótimo; para quem não gostar... (penetrem no me pensamento).
Até que chegou maio de 2005 e o chamado "mensalão" teve o saudável mérito de unificar mais um pouquinho a esfrangalhada e crítica esquerda brazuca. O eminente sociólogo Emir Sader também mudou e aí eu tenho que apelar para um antigo clichê que diz que "só debaixo da porrada a esquerda se une" (também sem duplo sentido).
Professor Emir, a política não é sua sala de aula onde o senhor fala o que quiser e, se alguém o contrariar se arrisca a levar uma nota baixa. Na política pessoas como eu e o senhor não têm vez. Política é para pessoas especiais. Não é o nosso caso. Desculpe a comparação, mas é só neste específico caso do boquirrotismo.
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