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sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Ainda vivemos no século 19

Por um estado ateu

Walter Hupsel (*)


Ainda vivemos no século 19. Esta é a conclusão a que posso chegar quando, no primeiro respiro do novo governo, aparecem declarações de setores da Igreja Católica cobrando que a presidenta “explique melhor” o que pensa de assuntos caros à ordem eclesiástica, e o arcebispo primaz do Brasil dá um prazo de cem dias para Dilma “mostrar a que veio”. A título de provocação, poderíamos perguntar “se não, o que?”

Antes que alguém objete a minha colocação, dizendo que eles têm direto de falar em público, respondo que sim, eles têm direito. Entretanto, em se tratando de autoridades eclesiásticas, suas opiniões devem ser vistas como da instituição Igreja Católica, e não do fulano A ou B. Ou seja, nem bem começou o novo governo e a Igreja Católica já faz ameaças à presidenta, com a grande mídia dando repercussão ao caso.

A luta política se desenvolve em vários campos, em especial no simbólico e no semântico. Sempre se fala em Estado laico, que é aquele que não tem uma doutrina religiosa como norte. Este deveria estar longe da esfera religiosa, e vice-versa, respeitando todas as manifestações de fé e garantindo o tratamento isonômico.
Entretanto, como demonstram as matérias linkadas acima, o argumento vai sempre na direção que o Estado laico tem que absorver demandas de uma população, e que esta tem suas predileções e seus valores religiosos.


Leia todo artigo AQUI.

(*) Walter Hupsel é doutorando em Ciência Política pela USP e Professor de Ciência Política e Relações Internacionais na Faculdade Santa Marcelina.

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